Você sabe o que é Carta da Terra?
A definicação oficial: um documento que estabeleceu como uma espécie de “código de ética planetário”, produzido coletivamente durante a Eco-92, a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente que foi um marco para as questões ambientais. Nessa carta, fala-se em integridade ecológica, social e democrática, e prevalece a cultura da não-violência.
Palavras têm muita força e podem mudar o mundo... e é acreditando isso que a Secretaria do Verde e do Meio Ambiente e a Secretaria Municipal da Educação, em São Paulo, decidiram introduzir a Carta da Terra em 600 escolas municipais, com apoio da Universidade Livre do Meio Ambiente (Umapaz).
E no final de semana dos dias 28 e 29 de junho, quem passar pelo Ibirapuera, em São Paulo, vai descobrir o que a garotada descobriu e refletiu a respeito. Eles vão expôr painéis, conversar e mostrar um pouco do que assimilaram sobre as palavras da Carta da Terra para suas vidas. As atividades serão realizadas durante os dias na sede da Umapaz, no portão 7-A do Parque Ibirapuera (av. IV Centenário, 1268).
Quem não puder ir ao Ibirapuera, poderá acompanhar a cobertura do encontro aqui no Educom Verde. Alunos da Escola Municipal Fernando Gracioso, do bairro Perus (com apoio do professor Fábio Rogério Nepomuceno, que adora usar a internet na educação e também tem um blog) irão postar mensagens e ainda farão a cobertura no Programa Nas Ondas do Rádio.
Não percam! Esses meninos dão um banho em qualquer jornalista...
Educomunicação: positivo para construir um repertório socioambiental e expandir a conscientização
A Carta da Terra foi a “boa desculpa” para que educadores das escolas municipais de São Paulo refletissem sobre suas práticas de educação ambiental e colocassem em prática esse aprendizado com seus alunos. Nesse final de semana (27 e 28 de julho), eles se reuniram na Umapaz, no Parque Ibirapuera, para compartilhar essas experiências, e ouvir o relato de educadores como o matemático Ubiratan D´Ambrósio e o astrônomo Walmir Thomasi Cardoso, do Planetário Aristóteles Orsini, do Ibirapuera.
A Carta da Terra provoca as pessoas a entender a interdependência entre seres humanos e o planeta. Esse documento, produzido coletivamente durante a Eco-92, estabelece princípios e propósitos para uma ética socioambiental (leia artigo de Moacir Gadotti, do Instituto Paulo Freire, sobre o tema). Múltiplas conexões... nas palavras do astrônomo Walmir Cardoso, “somos parte do universo e precisamos perceber isso em nossas vidas”. Para Ambrósio, a escola do século XXI precisa se conectar, ou reconectar a temas como amizade e solidariedade.
Em meio a todo esse movimento no Ibirapuera, as escolas mostraram painéis de suas ações socioambientais em sala de aula, inspiradas pela Carta da Terra. Ações que parecem muitas vezes pequenas, como criar um jardim ou fazer uma peça de teatro com personagens da natureza. Ingênuo? “É um começo”, opina a supervisora escolar Lourdes Possani, que cuida de escolas na Zona Leste. Um bom começo... conversando com educadores durante esse encontro ouvimos relatos positivos. “O pátio da escola está mais limpo”, conta uma. “As crianças estão mais solidárias”, diz outra. Como disse o matemático D´Ambrósio, escola também tem que fazer o mundo mais feliz, não só passar conteúdos... e tudo isso é um grande e bom começo.
Educomunicação tem tudo a ver com a Carta da Terra, esse movimento de agir em busca de uma cultura de paz, dando voz às pessoas (no caso da escola, os educandos) para criar um mundo diferente para se viver. O educomunicador Carlos Mendes, do projeto Nas Ondas do Rádio (onde a Prefeitura de São Paulo incentiva a criação de equipes de alunos fazendo programas de rádio e outras atividades, utilizando a mídia como ferramenta de aprendizagem), avisa: “se a gente potencializar a comunicação na escola, dando voz aos alunos, tudo o que os educadores estão estudando sobre a Carta da Terra e educação ambiental vai chegar a todos esses estudantes e se multiplicar”.
Seja fazendo rádio, blog, jornal ou um simples folheto, a garotada usa a comunicação para adquirir conhecimento – e consciência. Por isso educomunicação tem tudo a ver com meio ambiente, igualdade social e cultura de paz. Abrir espaço para os estudantes falarem, fazerem entrevistas e conversarem com pessoas além de seu universo, o que é possível por meio de atividades educomunicativas como a produção de um simples jornal escolar, “é uma forma de abrir a cabeça”, lembra Carlos.
Cultura de paz... é dar voz. Fazer campanhas de conscientização e trabalhos de pesquisa na escola, sobre lixo, sobre a Amazônia, é importante. Mas dar voz seja a alunos, seja a trabalhadores em uma empresa ou membros de uma comunidade, é que faz a conscientização avançar no coração das pessoas. É por isso que a educomunicação tem tudo a ver com a Carta da Terra, com a educação ambiental... existe forma melhor de alguém entender e se “encaixar” dentro das emergências socioambientais, quando ele é inserido no processo de aprendizagem, construindo por si próprio seu repertório de conhecimento através da comunicação?
Educom e a Carta da Terra
Video-homenagem aos participantes do Encontro Carta da Terra e Pedagogia na Educação, que foi realizado no Ibirapuera- SP, e teve cobertura educomunicativa de alunos da EMEF Fernando Gracioso.
Fica a dica para educadores: é muito fácil fazer video-clips de fotografias em programas como o Windows Move Maker, adicionar textos e músicas, como fizemos no vídeo acima. Vale como um registro dinâmico de eventos, que podem ser desde a feira de ciências na escola até a passeata que fizeram no bairro. O importante é que os alunos terão a oportunidade de desenvolver um "produto comunicativo", trabalhar habilidades de leitura e escrita e, é claro, usar uma ferramenta de informática de forma bacana.
Débora Menezes
1 de julho de 2008
Evento sobre Carta da Terra reúne estudantes de escolas públicas em São Paulo
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